Os ombros suportam o mundo
Chega um tempo em que não se diz mais: meu Deus.
Tempo de absoluta depuração.
Tempo em que não se diz mais: meu amor.
Porque o amor resultou inútil.
E os olhos não choram.
E as mãos tecem apenas o rude trabalho.
E o coração está seco.
Em vão mulheres batem à porta, não abrirás.
Ficaste sozinho, a luz apagou-se,
mas na sombra teus olhos resplandecem enormes.
És todo certeza, já não sabes sofrer.
E nada esperas de teus amigos.
Pouco importa venha a velhice, que é a velhice?
Teus ombros suportam o mundo
e ele não pesa mais que a mão de uma criança.
As guerras, as fomes, as discussões dentro dos edifícios
provam apenas que a vida prossegue
e nem todos se libertaram ainda.
Alguns, achando bárbaro o espetáculo
prefeririam (os delicados) morrer.
Chegou um tempo em que não adianta morrer.
Chegou um tempo em que a vida é uma ordem.
A vida apenas, sem mistificação.
4 comentários:
"Em vão mulheres batem à porta, não abrirás".
Por que não abrirei?
"Ficaste sozinho, a luz apagou-se,
mas na sombra teus olhos resplandecem enormes".
Bem, sozinho sozinho não! Nem vi a luz apagar, quem foi o sacana que apagou? Se eu pego... Mas meus olhos são grandes assim, é hein?!
"És todo certeza, já não sabes sofrer".
Não sei mesmo!
"Chegou um tempo em que não adianta morrer".
Ai Jesus! Por que Mari? Por que...
"Chegou um tempo em que a vida é uma ordem".
Tudo bem obedecerei Capitoa!
"A vida apenas, sem mistificação".
Então tá!
Apesar de todo peso, viver vale a pena, nem que seja para recordar...
lindo dia flor
beijos
Pedro,
Eu sempre vou bater a tua porta a procura de poesias...
Bjs
Clarinha querida,
Vale a pena em qualquer tempo...
Bjs flor!
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