Eu não sei escrever, ou melhor, descrever, o que senti naquele momento. O tempo passa, não te dá espaço para muito pensar, e quando acontece ele já se foi, já é outro instante. Divago por entre linhas imaginárias do meu horizonte. Um retrospecto me sacode, mas não quero acordar, encontrei aqui, a minha poesia que me ajudou nessa descrição...
De quem é o olhar
Que espreita por meus olhos?
Quando penso que vejo,
Quem continua vendo
Enquanto estou pensando?
Por que caminhos seguem?
Não os meus tristes passos,
Mas a realidade
De eu ter passos comigo?
Às vezes na penumbra
Do meu quarto, quando eu
Por mim próprio mesmo
Em alma mal existo,
Toma um outro sentido
Em mim o Universo -
É uma nódoa esbatida
De eu ser consciente sobre
Minha idéia das coisas.
Se acenderam as velas
E não houver apenas
A vaga luz de fora -
Não sei que o cadeeiro
Aceso onde na rua -
Terei foscos desejos
De nunca mais haver mais nada
No universo e na vida
De que o obscuro momento
Que é minha vida agora!
Um momento afluente
Dum rio sempre a ir
Esquecer-se de ser,
Espaço misterioso
Entre espaços desertos
Cujo sentido é nulo
E sem ser nada a nada
E assim a hora passa
Metafisicamente.
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