domingo, 30 de agosto de 2009

Estas palavras vestidas de silêncio...

Este texto é muito lindo, há tempos que o tenho em meus arquivos. Este belo achado é do blog Eco do Silêncio (Plauto). Fiquei encantada com tão belas palavras e convido vocês para esta leitura. Boa semana a todos...

lúcia letra - olhares.com


Estas palavras vestidas de silêncio que damos um ao outro como pétalas de flores dispersas, dizem tanto daquilo que sabemos, que às vezes julgo escutar os gritos lancinantes que deixamos escapar das feridas por fechar e calamo-nos, com adesivos sobre os lábios, fechando as portas e as janelas para que o vento não empurre os gritospara fora das muralhas dos nossos corpos ávidos.

Depois, contemplamo-nos como se nos víssemos pela primeira vez, e afagamo-nos em mútuas carícias impregnadas de um medo inconfessado que nos percorre as veias do silêncio dissimuladas sobre os nossos corpos.

Ah! por que não havemos de gritar o necessário desejo de estar vivos? Quem nos proíbe, Amor, de nos tocarmos numa descoberta mútua e sempre nova de um espaço à nossa volta?
Quem?
Quem nos impede, Amor, aquele abraço, num ímpeto incontido de rasgar o espaço que separa as minhas mãos das tuas mãos?Quem nos proíbe, Amor, que troquemos de segredos em cada beijo partilhado no silêncio das nossas bocas sequiosas?
Quem?
Quem impede, afinal, esta vontade de nos darmos um ao outro sem medo das ruas e avenidas que nos falam da cidade vigilante a observar-nos os passos e os gestos, a medir a intensidade das palavras que se propagam no eco do silêncio como um grito de angústia?

Outro dia, as minhas mãos sobre as tuas mãos ou o meu cabelo sobre o teu cabelo falaram durante horas a linguagem muda do desejo de nos termos, sem angústias nem reservas. E de lábios cerrados tivemos a mais longa conversa sobre o nosso amor.
Lá à frente o azul do mar e a suja areia, ao nosso lado, o calor das nossas mãos que se apertavam num estranho código de náufragos, entrelaçando os dedos e juntando as faces, resistindo ao desespero das ondas que teimavam afastar-nos um do outro (como o mundo à nossa volta). Ninguém foi testemunha desse instante gravado apenas no silêncio clandestino das nossas memórias fugitivas.

Só nós (porque o mundo à nossa volta éramos nós) temos o direito de falar desse instante de amor, porque o vivemos num desespero rápido de quem sabe que o amor é um relâmpago rasgando a densa cortina do desejo e, quando um dia falarmos deste amor que pairou sobre as mãos entrelaçadas, ninguém entenderá este silêncio que se sobrepôs ao grito do teu peito, ninguém entenderá este poema que narra o desespero de não te ter aqui, neste instante em que te amo, mais e mais, clandestinamente, e em silêncio.

(Plauto)

(in A Linguagem do Silêncio)

Mensagem...

Cuidemos de nossas crianças...

grEndel

"A criança desprotegida que encontramos na rua não é motivo para revolta ou exasperação, e sim um apelo para que trabalhemos com mais amor pela edificação de um mundo melhor."

[ Chico Xavier ]

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Fernando Pessoa...



Sonhei, confuso, e o sono foi disperso,
Mas, quando dispertei da confusão,
Vi que esta vida aqui e este universo
Não são mais claros do que os sonhos são

Obscura luz paira onde estou converso
A esta realidade da ilusão
Se fecho os olhos, sou de novo imerso
Naquelas sombras que há na escuridão.

Escuro, escuro, tudo, em sonho ou vida,
É a mesma mistura de entre-seres
Ou na noite, ou ao dia transferida.

Nada é real, nada em seus vãos moveres
Pertence a uma forma definida,
Rastro visto de coisa só ouvida.


Fernando Pessoa, 28-9-1933.

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

domingo, 23 de agosto de 2009

Mário Quintana...

Boa semana a todos...



jorge garcia - olhares.com

Os Degraus


Não desças os degraus do sonho
Para não despertar os monstros.
Não subas aos sótãos - onde
Os deuses, por trás das suas máscaras,
Ocultam o próprio enigma.
Não desças, não subas, fica.
O mistério está é na tua vida!
E é um sonho louco este nosso mundo...

(Mario Quintana - Baú de Espantos)

O lamento das coisas...


olhares.com


Triste, a escutar, pancada por pancada,
A sucessividade dos segundos,
Ouço, em sons subterrâneos, do Orbe oriundos,
O choro da Energia abandonada!

É a dor da Força desaproveitada
— O cantochão dos dínamos profundos,
Que, podendo mover milhões de mundos,
jazem ainda na estática do Nada!

É o soluço da forma ainda imprecisa...
Da transcendência que se não realiza...
Da luz que não chegou a ser lampejo...

E é em suma, o subconsciente ai formidando
Da Natureza que parou, chorando,
No rudimentarismo do Desejo!

(Augusto dos Anjos)

Domingo, ah! como eu gosto...

fotominha


Às vezes fujo um pouco da rotina de mulher que trabalha fora e cuida aleatoriamente das coisas de casa. Deu vontade de comer um peixinho no tucupi. Bom, é rápido que se resolve isso, é só ir em um restaurante que tenha a especialidade e pronto. Mas nem sempre é bem assim não! Já fui em restaurantes onde ao servirem o prato, havia muito líquido e poucos ingredientes, principalmente o peixe e ainda cobram caro pelo serviço, pois pela iguaria, não vale. Melhor mesmo é fazer em casa, então, mãos à obra Mari. Algumas postas de pescada amarela, jambu, azeite de oliva, tomate, cebolinha, cheiro verde, pimentão, cebola, alho, limão, ovos, batata e etc... coisas que todo paraense sabe, e acima de tudo "força na peruca" né amiga, afinal de contas é domingo e você na cozinha! Confesso que às vezes, bem às vezes mesmo viu gente, eu gosto de fazer isto. Agora vamos ao que interessa. Eis o resultado, é claro que já provei e está maravilhoso, mas sou suspeita para falar, então, são servidos?? Ah! A sobremesa, sorvete de tapioca, maravilhoso! mas não se iludam, é ali da Cairu ta! Já seria perfeição, isso não, por favor! rsrsrsrs... bom almoço a todos!

sábado, 22 de agosto de 2009

Sábado, eu adoro...

Bom dia a todos!


rávila - olhares.com

"A desilusão de agora será benção depois."

[ Chico Xavier ]

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Como eu gosto d'Esse Cara...

...


bruno silva - olhares.com

Esse cara

(Caetano Veloso)

Ah, esse cara tem me consumido

A mim e a tudo que eu quis

Com seus olhinhos infantis

Com os olhos de um bandido

Ele está na minha vida porque quer

Eu estou para o que der e vier

Ele chega ao anoitecer

Quando vem a madrugada

Ele some

Ele é quem quer

Ele é um homem

e eu sou apenas

uma mulher

Improviso...

...

josé d'almeida & maria flores - olhares.com

domingo, 16 de agosto de 2009

Amor e humildade...

Tenham todos excelente semana! Beijos...



Amor e humildade

Nós viveremos, universo afora,
Trazendo dentro d’alma a vida acesa
No ritmo da luz da Natureza,
Que é a eterna vibração da eterna aurora.
A dor, somente a dor nos aprimora,
Nos caminhos da prova e da aspereza,
Elevando a nossa alma na grandeza
Da grande claridade redentora.
Somos os lutadores peregrinos,
Sonhando pela estrada dos destinos,
Um castelo de paz, ventura e glórias.
Sabemos do passado envolto em ruínas
Que a luz do amor e as rudes disciplinas,
São as chaves das últimas vitórias.


Raul de Leoni (Soneto psicografado em 1936)


sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Natureza...

É linda a natureza. Fim de tarde. Rio Fresco que deságua no Rio Xingu...
Rio Fresco - São Félix do Xingu - PA - Fotominha



"Eu permito a todos serem como quiserem, e a mim como devo ser."


[ Chico Xavier ]



sábado, 8 de agosto de 2009

Amo, Flores - Titãs...

Gente, esta música é demais, bem maluca mesmo, e eu adooorooooo!!!...



domingo, 2 de agosto de 2009

Augusto dos Anjos...

Às vezes, a verdade tem que ser nua mesmo...


olhares.com

Volúpia imortal

Cuidas que o genesíaco prazer,
Fome do átomo e eurítmico transporte
De todas as moléculas, aborte
Na hora em que a nossa carne apodrecer?!

Não! Essa luz radial, em que arde o Ser,
Para a perpetuação da Espécie forte,
Tragicamente, ainda depois da morte,
Dentro dos ossos, continua a arder!

Surdos destarte a apóstrofes e brados,
Os nossos esqueletos descamados,
Em convulsivas contorções sensuais,

Haurindo o gás sulfídrico das covas,
Com essa volúpia das ossadas novas
Hão de ainda se apertar cada vez mais!